Proposta ArVo(r)Ar
Após semanas de contração imposta pela necessidade de isolamento social, navegamos com cautela a abertura gradual que nos é concedida. Saímos com regras, cuidados, pré-cauções. Saímos re-significando movimentos, presença, relação: o nosso modo de estar fora.
A pandemia ainda não terminou mas, sobretudo, talvez não sejamos mais os mesmos perante a evidência inegável da nossa condição de fragilidade individual e colectiva: da nossa interdependência – entre seres humanos e entre espécies deste ecossistema que integramos.
Nestes tempos em que a circulação é menos restrita, mas os limites permanecem – ainda que mais difusos e, por vezes, mais difíceis de gerir – talvez possamos investir algum do nosso tempo e liberdade a observar e (con)viver com alguns dos seres vivos mais antigos do planeta, reis do mundo vegetal, mestres da existência em (i)mobilidade, gestão de recursos e adaptabilidade: as árvores.
Que inferimos a partir do que as nutre, do que as move, do que geram? Que nos segredam sobre as nossas raízes, os nossos frutos?
Desafiamos-vos a encontrar um momento de que possam usufruir sem pressa para imergir na nossa proposta de encontro. Se possível, levem convosco as instruções para seguirem, uma a uma, sem preocupações durante o tempo que quiserem.
⇓ Saiba como participar | Veja as árvores que recebemos ⇒
Modos de Fazer:
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Pensa num local próximo de casa onde exista uma árvore que tenha por perto um local confortável de onde a consigas ver.
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Prepara-te para sair à rua respeitando todas as recomendações atuais da DGS. Leva também: as instruções, o telemóvel (ou um gravador e uma máquina fotográfica), papel e um riscador (lápis ou caneta).
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À saída de casa, fecha os olhos e respira por um momento. Enquanto respiras, abre os ouvidos. Ao que ressoa dentro de ti, ao que ressoa à tua volta. Quando quiseres, abre os olhos e segue até à tua árvore.
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Procura um lugar de onde possas observá-la mantendo-te confortável. Se possível, senta-te.
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Fecha novamente os olhos. Respira. Sente a pele expandir quando inspiras e voltar ao seu lugar quando expiras. Observa, sem abrir os olhos, a superfície do teu corpo. O que te toca? O que tocas? Que textura(s) sentes? Que temperatura(s)? Observa cada pormenor até sentires vontade de abrir os olhos.
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Pega no papel e no riscador e observa a árvore que escolheste. Sem olhar para a folha nem tirar a ponta do riscador do papel, desenha a tua árvore.
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Grava um retrato sonoro da tua árvore. Descreve-a como melhor entenderes: começando de baixo para cima, ou da esquerda para a direita, do geral para o pormenor, ou vice-versa.
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Volta a fechar os olhos. Respira. Ouve. Sente. Cheira. Saboreia. De olhos fechados, como te “vês”? Como “vês” o que te rodeia? Deixa-te ficar, enquanto te sentires confortável, ou até teres vontade de abrir os olhos.
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Agora, pega novamente no papel e riscador e, num exercício de escrita automática, sem pausas entre palavras, sem censuras nem voltar atrás, dá continuidade à frase: “Se agora pudesse desarvorar daqui para fora…”
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Chegámos ao final da proposta. A partir de agora, assume tu o comando. Volta para casa, deixa-te ficar, abraça a árvore, dança, segue a tua vontade.
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Se puderes, envia-nos o(s) resultado(s) da experiência – em ficheiro(s) de imagem, áudio ou vídeo (à tua escolha) – com indicação do teu nome e local de residência da árvore para: museucomedias@gmail.com
Áudios
PARA OS MIÚDOS DESAVO(R)AREM SOZINHOS OU EM FAMÍLIA
Nos últimos meses pediram-nos que ficássemos em casa, sem sair do lugar. E isso pôs-nos a todos a olhar de outra maneira para o nosso lugar e para o que nos faz mexer.
Mas alguma vez pensaste que as árvores se movem sem nunca sair do lugar? Alguma vez pensaste no que sentiria uma árvore, no que pensaria uma árvore, se uma árvore pensasse e sentisse? Como verá o mundo à sua volta? E como se verá a si própria?
Agora que, com algumas precauções, já podes sair de casa, convidamos-vos a olhar as árvores e, a partir desse olhar, ver onde te leva a imaginação…
Convite a desenhar:
Pega num papel e numa caneta ou lápis. Imagina que a folha de papel é como se fosse um ipad, e que a paisagem onde vês a árvore é como um ecrã de computador onde aparecem desenhados os traços que fazes no papel.
Agora olha para a árvore e, sem olhar para o papel, começa a desenhá-la.
Terminado o desenho, podes pegar noutros lápis ou canetas e acrescentar pormenores.
Se puderes, tira uma fotografia à árvore, outra ao desenho inicial e outra ao desenho final e envia-nos, indicando o teu nome e o local de residência da árvore, para: museucomedias@gmail.com
Convite a criar uma personagem:
Olha para a árvore com toda a tua atenção. Olha de longe e de perto. Olha com os olhos, mas também com o nariz, com os ouvidos, com as mãos. Depois de reparar em todos os detalhes possíveis e imaginários, pára e olha outra vez.
Conseguirias dar um nome à tua árvore? Uma idade? Terá género – masculino, feminino? Ambições? Rotinas? Coisas que adore ou coisas que deteste? Dias em que acorda com o rabo virado para a lua?
Tenta responder a estas ou outras perguntas que te ocorram e escreve ou grava um texto em que apresentes a tua árvore e a sua história e envia, indicando o teu nome e o local de residência da árvore, para: museucomedias@gmail.com
Se tiveres dúvidas liga-nos para 916902975