A janela pode por estes dias, para muitos, funcionar como uma espécie de quadro ou de tela de cinema. O filme que aqui passa não será, provavelmente, um filme de ação. Talvez se assemelhe àqueles filmes para serem vistos como uma pintura, como dizia Manoel de Oliveira sobre o cinema que fazia.
Para uns, representará momentos de contemplação e de atenção. Uma atenção, com o corpo todo, às pequenas coisas, aos pequenos nadas, às mudanças, mesmo que quase invisíveis. Porque tudo está em mudança.
Para outros, a janela hoje é apenas um enorme aborrecimento onde nada parece acontecer.
O compositor John Cage propôs-nos um dia – “Se uma coisa te parecer aborrecida durante dois minutos, tenta quatro. Se ainda for aborrecida, tenta oito. Depois dezasseis. Depois trinta e dois. Eventualmente, descobrirás que não é nada aborrecida.”
Olhar. Ver. Compreender. Trazer para dentro.
Ver com olhos de ver. Ver outra vez. Ver com o corpo todo.
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Magda Henriques
Faça parte desta divisão-comum e junte a sua janela-voz às nossas séries. Eis o modo de fazer:
- Escolha uma janela que esteja ao seu dispor (por janela entendemos qualquer recorte que tenha na parede, tapado com vidro).
- Fotografe-a. Queremos tanto a moldura como as vistas. Fora isso, é a sua expressão que conta.
- Faça uma gravação áudio com um comentário sobre a sua experiência com a janela. Pode ser de qualquer género ou feitio. Você saberá melhor que nós.
- Como bónus, e de forma opcional, na mesma gravação, junte um excerto de um livro, um poema ou um texto, que esteja relacionado com os elementos anteriores. Identifique o autor e o título.
- De preferência use o telemóvel, para não complicar, mas você é que sabe. Não vá muito para além dos três minutos, a não ser que seja por força maior. E, por fim, exerça o seu estilo. Nas palavras afiadas de Herberto Hélder: “Procure o seu estilo, se não quer dar em pantanas”
- Envie, indicando o seu nome e o concelho de residência da janela, para: museucomedias@gmail.com