*entenda-se excentricidade enquanto exercício de procura da raiz da liberdade
4 OUT | 15.30 – 18.30
CINETEATRO JOÃO VERDE
COMÉDIAS DO MINHO 2017
A educação merece-nos particular atenção e queremos afirmá-lo e explicitá-lo através de um Encontro pensado especificamente para os seus intervenientes, que terá lugar nos próximos anos num município de cada vez.
PARA QUE SERVEM ESTES ENCONTROS?
Estes Encontros servem para apresentar o programa do Projeto Pedagógico das CdM e apontar algumas pistas da programação geral.
As Comédias do Minho existem para as pessoas. Para que as pessoas possam escolher estar próximas de nós é importante que saibam o que fazemos, como, porquê e com quem. Assim, estes Encontros servem também para darmos a conhecer melhor a sensibilidade e o pensamento que estamos a construir bem como algumas das pessoas que nos acompanharão de uma forma mais recorrente nos próximos tempos. Este ano estão connosco Maria Gil e Álvaro Laborinho Lúcio.
DA ARTE E DA EDUCAÇÃO
Estes são encontros excêntricos porque “vão fora da educação para pensar a educação”1 e se desejam livres e avessos a verdades inquestionáveis.
A arte e a educação são nucleares no nosso projeto e desejamos que estejam cada vez mais ligadas entre si. Rejeitamos, no entanto, qualquer instrumentalização da arte ou perda de autonomia, pois a sua instrumentalização é, do nosso ponto de vista, a negação da arte. É a arte que, por ser arte antes de mais, transporta o potencial educativo.Orientam-nos as palvras de Sofia de Mello Breyner, glosando Teixeira de Pascoaes, “Só a arte é verdadeiramente educativa porque ela não explica mas implica”2
A educação e a comunidade educativa merecem-nos particular atenção e queremos afirmá-lo e explicitá-lo através destes Encontros pensados especificamente para os seus intervenientes.
Uma escola contém em si muitos mundos, mais ou menos evidentes, múltiplos intervenientes, diretos e indiretos, e ainda papéis variados representados por atores muito diferentes entre si.
Uma escola não existe sem alunos, não existe sem professores.
Imaginamos uma escola, talvez, excêntrica. Orienta-nos uma dimensão utópica, que não prescinde de análise crítica, no sentido de trabalharmos para que aquilo que hoje não é possível possa vir a ser “quando forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização”3.
Acreditamos numa escola, num mundo, sem muros. Uma escola, um mundo, onde o prazer, o trabalho, a liberdade, a responsabilidade e a diversidade convivem.
Uma escola onde cada professor sinta “que não há ofício mais privilegiado” do que o de ser professor e “despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus”4.
Uma escola onde o saber de cada aluno é valorizado e onde o respeito e a atenção à diversidade prevalecem. Uma escola que não prescinde do rigor e que, por isso mesmo, percebe que o rigor é fortalecido pela dimensão artística, porque a verdade está para além dos factos. Uma escola que sabe, como nos ensinou José Mattoso, que as “linguagens poéticas e científicas são interpretações diversas da mesma partitura.”
As Comédias do Minho querem, assim, contribuir, à sua medida, para que esta escola que tanto desejamos, e que já existe em alguns lugares, se possa tornar uma realidade mais comum.
Estes Encontros acontecerão todos os anos, à vez, num Município associado das Comédias (Melgaço, Monção, Valença, VN Cerveira e P Coura).
1 Arendt, Hannah; Weil, Eric; Russel, Bertrand; Ortega y, Gasset (2000), Quatro textos excêntricos, (seleção, prefácio e tradução de Olga Pombo), Relógio de Água, Lisboa
2 Lúcio, Álvaro Laborinho (2008), Educação, Arte e Cidadania, s.l., Temas & Lemas
3 More, Thomas (1973), Livros de Bolso Europa América
4 Steiner, George (2005). As Lições dos mestres. Lisboa: Gradiva
5 Mattoso, José (2002), A Escrita da História in Obras Completas, vol. 10,
Lisboa, Círculo de Leitores
ESTRUTURA DO ENCONTRO COM A COMUNIDADE EDUCATIVA
– Lançamento do Programa do Projeto Pedagógico das CdM 2017/18
– Apresentação de algumas pistas sobre o programa geral das CdM, de 2018
COM OS CONVIDADOS
– Maria Gil
Nasceu em Lisboa (1978). Licenciada em Formação de Atores pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e mestre em Intimidade e Performances Autobiográficas pelo Departamento de Estudos de Teatro, Cinema e Televisão da Universidade de Glasgow. Na sua formação não-académica destaca a participação no workshop de performance dirigido pela companhia americana Goat Island, integrado na Winter School da National Review of Live Art, Glasgow; na 2ª Edição do curso de Encenação para Teatro dirigido pelos Third Angel/Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística. Como atriz trabalhou com os encenadores: Estrela Novais, Tiago Rodrigues, Madalena Vitorino, Pedro Alves, João Brites e João Ricardo. É fundadora e DA do Teatro do Silêncio. Foi co-autora e intérprete em Glasgow 4 O Nome De Todas As Ruas; dirigiu e co-criou os espetáculos Rádio Pirata; Cartas, Telegramas e Postais e Horn Ok Please. Foi uma dos vinte artistas residentes no Sítio das Artes/Programa O Estado do Mundo da Fundação Calouste Gulbenkian integrando a área da encenação. Foi professora de teatro durante oito anos no ensino básico, secundário e superior. Atualmente integra o projeto 10×10 para a educação e as artes numa iniciativa do Programa Descobrir da Fundação Calouste Gulbenkian.
– Álvaro Laborinho Lúcio
Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, Jubilado natural da Nazaré. Licenciado em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Civilísticas, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi delegado do Procurador da República nas Comarcas de Seia, Fundão e Santarém; Juiz de Direito nas Comarcas de Oliveira do Hospital e de Tábua; Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra; Inspetor do Ministério Público; Procurador-Geral Adjunto; entre outros. É atualmente Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho; e Membro Eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa. É ainda, além de outras: Membro fundador da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; Membro Fundador da Associação Portuguesa de Direito Europeu; Membro fundador da Associação de Criminólogos de Língua Francesa; Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família; Presidente da Mesa do Congresso da Associação dos Juristas de Língua Portuguesa; Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; e Membro do Conselho de Curadores da Fundação Liga. Tem vários artigos publicados nas áreas de: Cidadania e Direito; Cidadania e Educação; Sistemas de Justiça; Direito e Genética; Direito de Ingerência; Direito Tutelar Educativo; Direitos das Crianças, entre outros. É autor das obras «A Justiça e os Justos», «Palácio da Justiça», «Educação, Arte e Cidadania», O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça, bem como dos romances «O Chamador» e «O Homem Que Escrevia Azulejos». Tem proferido inúmeras conferências sobre temas ligados à Justiça, à Educação, à Cidadania, ao Direito de Crianças e Jovens e ao Direito em Geral. Concebeu e coordenou, na Universidade Autónoma de Lisboa, o «Programa Malhoa», no domínio do exercício ativo da cidadania.