ENCONTROS EXCÊNTRICOS*
da arte e da educação
*entenda-se excentricidade enquanto exercício de procura da raiz da liberdade
4 OUT | 15.30 – 18.30
CINETEATRO JOÃO VERDE
COMÉDIAS DO MINHO 2017
A educação merece-nos particular atenção e queremos afirmá-lo e explicitá-lo através de um Encontro pensado especificamente para os seus intervenientes, que terá lugar nos próximos anos num município de cada vez.
Nas Comédias do Minho, o ano de 2018 começa em 2017, com o início do ano letivo.
Porque não queremos deixar para amanhã o que podemos fazer hoje, começamos agora a envolver a comunidade educativa na nossa programação.
PARA QUE SERVEM ESTES ENCONTROS?
Estes Encontros servem para apresentar o programa do Projeto Pedagógico das CdM e apontar algumas pistas da programação geral.
As Comédias do Minho existem para as pessoas. Para que as pessoas possam escolher estar próximas de nós é importante que saibam o que fazemos, como, porquê e com quem. Assim, estes Encontros servem também para darmos a conhecer melhor a sensibilidade e o pensamento que estamos a construir bem como algumas das pessoas que nos acompanharão de uma forma mais recorrente nos próximos tempos. Este ano estão connosco Maria Gil e Álvaro Laborinho Lúcio.
DA ARTE E DA EDUCAÇÃO
Estes são encontros excêntricos porque “vão fora da educação para pensar a educação”1 e se desejam livres e avessos a verdades inquestionáveis.
A arte e a educação são nucleares no nosso projeto e desejamos que estejam cada vez mais ligadas entre si. Rejeitamos, no entanto, qualquer instrumentalização da arte ou perda de autonomia, pois a sua instrumentalização é, do nosso ponto de vista, a negação da arte. É a arte que, por ser arte antes de mais, transporta o potencial educativo.Orientam-nos as palvras de Sofia de Mello Breyner, glosando Teixeira de Pascoaes, “Só a arte é verdadeiramente educativa porque ela não explica mas implica”2
A educação e a comunidade educativa merecem-nos particular atenção e queremos afirmá-lo e explicitá-lo através destes Encontros pensados especificamente para os seus intervenientes.
Uma escola contém em si muitos mundos, mais ou menos evidentes, múltiplos intervenientes, diretos e indiretos, e ainda papéis variados representados por atores muito diferentes entre si.
Uma escola não existe sem alunos, não existe sem professores.
Imaginamos uma escola, talvez, excêntrica. Orienta-nos uma dimensão utópica, que não prescinde de análise crítica, no sentido de trabalharmos para que aquilo que hoje não é possível possa vir a ser “quando forem removidas as circunstâncias provisórias que obstam à sua realização”3.
Acreditamos numa escola, num mundo, sem muros. Uma escola, um mundo, onde o prazer, o trabalho, a liberdade, a responsabilidade e a diversidade convivem.
Uma escola onde cada professor sinta “que não há ofício mais privilegiado” do que o de ser professor e “despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus”4.
Uma escola onde o saber de cada aluno é valorizado e onde o respeito e a atenção à diversidade prevalecem. Uma escola que não prescinde do rigor e que, por isso mesmo, percebe que o rigor é fortalecido pela dimensão artística, porque a verdade está para além dos factos. Uma escola que sabe, como nos ensinou José Mattoso, que as “linguagens poéticas e científicas são interpretações diversas da mesma partitura.”
As Comédias do Minho querem, assim, contribuir, à sua medida, para que esta escola que tanto desejamos, e que já existe em alguns lugares, se possa tornar uma realidade mais comum.
Estes Encontros acontecerão todos os anos, à vez, num Município associado das Comédias (Melgaço, Monção, Valença, VN Cerveira e P Coura).
1 Arendt, Hannah; Weil, Eric; Russel, Bertrand; Ortega y, Gasset (2000), Quatro textos excêntricos, (seleção, prefácio e tradução de Olga Pombo), Relógio de Água, Lisboa
2 Lúcio, Álvaro Laborinho (2008), Educação, Arte e Cidadania, s.l., Temas & Lemas
3 More, Thomas (1973), Livros de Bolso Europa América
4 Steiner, George (2005). As Lições dos mestres. Lisboa: Gradiva
5 Mattoso, José (2002), A Escrita da História in Obras Completas, vol. 10,
Lisboa, Círculo de Leitores
ESTRUTURA DO ENCONTRO COM A COMUNIDADE EDUCATIVA
– Lançamento do Programa do Projeto Pedagógico das CdM 2017/18
– Apresentação de algumas pistas sobre o programa geral das CdM, de 2018
COM OS CONVIDADOS
– Maria Gil
Nasceu em Lisboa (1978). Licenciada em Formação de Atores pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e mestre em Intimidade e Performances Autobiográficas pelo Departamento de Estudos de Teatro, Cinema e Televisão da Universidade de Glasgow. Na sua formação não-académica destaca a participação no workshop de performance dirigido pela companhia americana Goat Island, integrado na Winter School da National Review of Live Art, Glasgow; na 2ª Edição do curso de Encenação para Teatro dirigido pelos Third Angel/Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística. Como atriz trabalhou com os encenadores: Estrela Novais, Tiago Rodrigues, Madalena Vitorino, Pedro Alves, João Brites e João Ricardo. É fundadora e DA do Teatro do Silêncio. Foi co-autora e intérprete em Glasgow 4 O Nome De Todas As Ruas; dirigiu e co-criou os espetáculos Rádio Pirata; Cartas, Telegramas e Postais e Horn Ok Please. Foi uma dos vinte artistas residentes no Sítio das Artes/Programa O Estado do Mundo da Fundação Calouste Gulbenkian integrando a área da encenação. Foi professora de teatro durante oito anos no ensino básico, secundário e superior. Atualmente integra o projeto 10×10 para a educação e as artes numa iniciativa do Programa Descobrir da Fundação Calouste Gulbenkian.
– Álvaro Laborinho Lúcio
Juiz Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, Jubilado natural da Nazaré. Licenciado em Direito e Mestre em Ciências Jurídico-Civilísticas, pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi delegado do Procurador da República nas Comarcas de Seia, Fundão e Santarém; Juiz de Direito nas Comarcas de Oliveira do Hospital e de Tábua; Procurador da República junto do Tribunal da Relação de Coimbra; Inspetor do Ministério Público; Procurador-Geral Adjunto; entre outros. É atualmente Presidente do Conselho Geral da Universidade do Minho; e Membro Eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa. É ainda, além de outras: Membro fundador da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; Membro Fundador da Associação Portuguesa de Direito Europeu; Membro fundador da Associação de Criminólogos de Língua Francesa; Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família; Presidente da Mesa do Congresso da Associação dos Juristas de Língua Portuguesa; Presidente da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima; e Membro do Conselho de Curadores da Fundação Liga. Tem vários artigos publicados nas áreas de: Cidadania e Direito; Cidadania e Educação; Sistemas de Justiça; Direito e Genética; Direito de Ingerência; Direito Tutelar Educativo; Direitos das Crianças, entre outros. É autor das obras «A Justiça e os Justos», «Palácio da Justiça», «Educação, Arte e Cidadania», O Julgamento – Uma Narrativa Crítica da Justiça, bem como dos romances «O Chamador» e «O Homem Que Escrevia Azulejos». Tem proferido inúmeras conferências sobre temas ligados à Justiça, à Educação, à Cidadania, ao Direito de Crianças e Jovens e ao Direito em Geral. Concebeu e coordenou, na Universidade Autónoma de Lisboa, o «Programa Malhoa», no domínio do exercício ativo da cidadania.