Editorial

Magda Henriques

O José tinha prometido fazer uma surpresa. Cumpriu, como lhe é costume. Trouxe o rádio da sua “avó adoptiva”. Trouxe também cerejas. Aquelas que mais gosta. As mais claras que são, diz, as mais saborosas. Talvez se chamem bicais. Não é certo. Tem esse nome na ideia, de miúdo. A conversa foi, à semelhança das cerejas, saborosa. Aliás, como são todas as conversas com o José.

Conversámos sobre  as suas origens e, “sobretudo, sobre o que há de melhor nas origens que são as memórias dessas origens”.  Iniciámos a viagem na sua infância, em Aldeia das Dez, sabendo que “as memórias também se inventam”. Fomos, assim, imaginando a verdade.

Percorremos ideias como economia impura, território, lugares de intensidade relacional, deliberação, justiça e trabalho; parámos, com frequência, na diversidade e na importância de nos deixarmos surpreender. Perguntámos: Para que serve um país pobre.Estivemos, sempre, com os amigos por perto porque “é com eles que mais aprendemos”.