UNIVERSIDADE
INVISÍVEL
14 ABR
VN Cerveira
A Universidade Invisível ocupa, um Sábado, um município, de cada vez.
Aqui aprende-se através de aproximações diversas e valoriza-se o encontro individual com a arte e com o conhecimento. Também aqui nem sempre somos capazes de aferir no imediato o que aprendemos ou a importância do que aprendemos. As sementes germinam na invisibilidade. Tomamos a imagem da colmeia. Move-nos a necessidade de reforçar o alcance do processo de polinização que, tão ou mais importante que a produção de mel (produção esta visível e quantificável), é difícil ou até impossível de medir sendo, no entanto, determinante para o equilíbrio e sobrevivência da natureza, da sobrevivência humana.
Acreditamos, pois, que a experiência da arte, e das múltiplas formas de conhecimento, age ao nível mais íntimo de cada um e, tal como no processo de polinização, em tempos e de modos imprevisíveis, mas imprescindíveis à construção, consolidação e manutenção dos valores humanos. Tal como a polinização não impede as catástrofes naturais, também a arte e o conhecimento não impedem a barbárie humana, mas sem a polinização e sem a arte e o conhecimento o mundo seria certamente um lugar pior.
Orienta-nos ainda a afirmação do escultor Rui Chafes: “Não sei o que a arte pode mas sei o que deve. A arte deve manter as perguntas acesas.”
Muito desejamos que este seja um lugar de perguntas acesas.
Este ano andaremos em torno da ideia de justiça.
As aproximações ao tema fazem-se, umas vezes de forma mais concreta e outras de forma mais abstrata, através de abordagens teóricas (encontros e conversas), de espetáculos, filmes e livros. As opções são várias para que cada um, em função dos seus interesses, formações, idade e até disponibilidade de tempo, possa escolher.
Este é um dos momentos em que o território acolhe também espetáculos exteriores às Comédias do Minho.
14 ABR | VN CERVEIRA
10:00 – 12:30 | Encontro / Conversa | TER VOZ: O LUGAR DA FALA E O LUGAR DA ESCUTA NA SALA DE AULA
Como dar voz aos alunos? Como colocá-los a pensar e a refletir sobre si, enquanto alunos, e sobre a sua escola, enquanto lugar onde vivem e passam a maior parte dos seus dias? Como e de que forma podem as práticas e os processos artísticos contribuir para a criação de espaços de liberdade e de confiança onde haja uma verdadeira e espontânea reflexão sobre o lugar de cada um no mundo? Tendo como base de trabalho o projeto Operação Stop do Programa Descobrir da Fundação Calouste Gulbenkian, realizar-se-á uma reflexão sobre o lugar da fala e o lugar da escuta na sala de aula.
COM Maria Gil
Licenciada em Formação de Atores/Encenadores pela ESTC de Lisboa; mestrado (MPhil) em Intimidade e Performances Autobiográficas pela Universidade de Glasgow. Participação no workshop de performance pela companhia americana Goat Island, na Winter School da National Review of Live Art, Glasgow; na 2ª Edição do Curso de Encenação para Teatro, Third Angel/Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística. Fundadora do Teatro do Silêncio e cocriadora de vários espetáculos. Artista residente no Sítio das Artes/Programa O Estado do Mundo da FCG. Participou em vários projetos do Programa Descobrir da FCG. Dirigiu oficinas de arte e filosofia produzidas pelo Teatro do Silêncio e a Fábrica das Artes do CCB, de onde resultou um livro. Foi diretora artística de Raízes da Curiosidade (Fábrica das Artes/CCB e a Fundação Champalimaud). Colabora na série para televisão sobre educação de Filipa Reis e João Miller Guerra.
10:00 – 22:30 | FEIRA DO LIVRO TEMÁTICA
Numa parceria com a livraria Centésima Página, acontece uma feira do livro que dará especial atenção ao tema de cada encontro.
A literatura infantil está presente em todas as sessões.
15:00 | Espetáculo | LUSCO-FUSCO + CONVERSA
DIREÇÃO E INTERPRETAÇÃO Catarina Gonçalves e Filipe Caldeira
PÚBLICO-ALVO | a partir dos 6 anos
Lusco-Fusco surge de um desejo de partilhar uma experiência sobre o vazio e o que ele pode conter. O vazio só contém ar! e o aborrecimento? como é o vazio de estar tudo tão cheio que não encontramos nada? será uma incubadora de acontecimentos? uma descoberta partilhada da matéria e do corpo em que a luz e a transição do tempo nos mostram o que há́ para ver numa relação de escala entre nós – o mundo e os inversos. Lusco-Fusco vê a vontade de ser um bocadinho inventor do seu próprio espanto e para isso desenha um espaço que pouco a pouco se torna numa invasão feita pela matéria que podemos com ela transformar e sermos transformados, mudá-la de lugar, levá-la connosco, arrastá-la e libertá-la. Deixá-la ser invadida por mãos e pés e cabeças que sentem. Os performers organizam o corpo para desaparecer, desobedecer e desaprender com a matéria, operam a luz e o som e habitam um lugar aberto ao sensível e à própria percepção de cada criança.
Para que percorres inutilmente o céu à procura da tua estrela?
Põe-na lá.
(in Vergílio Ferreira, Escrever)
16:30 – Filme + Conversas de Porta Aberta
De portas abertas a todos os que queiram juntar-se, assistimos a um filme, escolhido pelo convidado do encontro, e conversamos sobre o que vimos e sobre o que pensamos sobre o tema. As únicas condições de acesso são: o gosto por ver filmes e a vontade de conversar…
21:00 | Palestra Performance | MEDO E FEMINISMOS + CONVERSA
CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO Maria Gil e Miguel Bonneville
Medo e Feminismos integra a trilogia de palestras performance – O Pessoal é Político. Nesta palestra performance duas pessoas, que manifestam um saber arquivista sobre medos, estão sentadas lado a lado para evocar medos passados presentes e futuros; autobiográficos ou não. Medos que se transformam em medos sociológicos, em manifestações do controlo político que é exercido sobre a sociedade, sobre as pessoas. A partir dos conflitos internos de cada performer constrói-se uma apresentação fragmentada com direito a pequenos atos de sarar que não pretendem mais do que transformar veneno em remédio. De forma nostálgica e pessoal evocam-se também alguns dos momentos mais significativos para a arte da performance feminista, seguindo-se uma reflexão pessoal sobre a prática do feminismo nos dias de hoje. A palestra termina com a recriação de duas performances feministas do século XX.