UNIVERSIDADE
INVISÍVEL
15 SET
MONÇÃO
10h00 – 12h30
Encontro + Conversa
O TEATRO DA ESTRADA
Com Álvaro Domingues
Cineteatro João Verde
10h00 – 22h30
FEIRA DO LIVRO TEMÁTICA
Em parceria com a Livraria Centésima Página
Cineteatro João Verde
15h00
Espetáculo + Conversa
O CÃO QUE CORRE ATRÁS DE MIM (E O AVÔ ELÍSIO À JANELA)
Criação Catarina Gonçalves e Filipe Caldeira
Interpretação Catarina Gonçalves e Filipe Moreira
Cine Teatro João Verde
16h30
Filme + Conversas de Porta Aberta
Cineteatro João Verde
21h00
Espetáculo + Conversa
SERRENHOS DO CALDEIRÃO, EXERCÍCIOS EM ANTROPOLOGIA FICCIONAL
Conceção e interpretação de Vera Mantero
Cineteatro João Verde
A Universidade Invisível ocupa, um Sábado, um município, de cada vez.
Aqui aprende-se através de aproximações diversas e valoriza-se o encontro individual com a arte e com o conhecimento. Também aqui nem sempre somos capazes de aferir no imediato o que aprendemos ou a importância do que aprendemos. As sementes germinam na invisibilidade. Tomamos a imagem da colmeia. Move-nos a necessidade de reforçar o alcance do processo de polinização que, tão ou mais importante que a produção de mel (produção esta visível e quantificável), é difícil ou até impossível de medir sendo, no entanto, determinante para o equilíbrio e sobrevivência da natureza, da sobrevivência humana.
Acreditamos, pois, que a experiência da arte, e das múltiplas formas de conhecimento, age ao nível mais íntimo de cada um e, tal como no processo de polinização, em tempos e de modos imprevisíveis, mas imprescindíveis à construção, consolidação e manutenção dos valores humanos. Tal como a polinização não impede as catástrofes naturais, também a arte e o conhecimento não impedem a barbárie humana, mas sem a polinização e sem a arte e o conhecimento o mundo seria certamente um lugar pior.
Orienta-nos ainda a afirmação do escultor Rui Chafes: “Não sei o que a arte pode mas sei o que deve. A arte deve manter as perguntas acesas.”
Muito desejamos que este seja um lugar de perguntas acesas.
Este ano andaremos em torno da ideia de justiça.
As aproximações ao tema fazem-se, umas vezes de forma mais concreta e outras de forma mais abstrata, através de abordagens teóricas (encontros e conversas), de espetáculos, filmes e livros. As opções são várias para que cada um, em função dos seus interesses, formações, idade e até disponibilidade de tempo, possa escolher.
Este é um dos momentos em que o território acolhe também espetáculos exteriores às Comédias do Minho.
15 SET | MONÇÃO
10:00 – 12:30 | Encontro + Conversa | O TEATRO DA ESTRADA
A Rua da Estrada é um modo de organizar e um modo de ver. Pela linha do asfalto por onde vai também a rede elétrica, o gás, a água, o saneamento, alinham-se de um lado e do outro as formas visíveis das atividades dos humanos, os seus dramas e comédias: as casas, as esplanadas, os cafés, restaurantes, armazéns, indústrias, tudo. Pelos cartazes, anúncios, objetos publicitários, pelo movimento dos veículos e dos corpos se percebe a palpitação dos dias, a organização da sociedade e do espaço. Nas máquinas, conduzindo ou sendo transportado, vai o passante mais ou menos distraído com os códigos da estrada. A paisagem corre pelas janelas, pelo retrovisor, acelerando e retardando ao sabor da velocidade, do engarrafamento, do semáforo, da travagem brusca. É a azáfama urbana. Muitas e variegadas gentes, como dizia o cronista.
COM Álvaro Domingues
(1959) É geógrafo, doutorado pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. É docente e investigador na Faculdade de Arquitetura da UP, conferencista, ensaísta, publicando regularmente sobre geografia urbana e paisagem. A sua obra concentra-se especialmente na cultura e território de Portugal, com incursões ocasionais nas áreas da teoria da análise do território. Rua da Estrada, Vida no Campo (ambos editados pela Dafne, Porto) e Volta a Portugal (Contraponto, Lisboa), são algumas obras recentemente publicadas pelo autor.
10:00 – 22:30 | FEIRA DO LIVRO TEMÁTICA
Numa parceria com a livraria Centésima Página, acontece uma feira do livro que dará especial atenção ao tema de cada encontro.
A literatura infantil está presente em todas as sessões.
15:00 | Espetáculo | O CÃO QUE CORRE ATRÁS DE MIM (E O AVÔ ELÍSIO À JANELA) + CONVERSA
CRIAÇÃO Catarina Gonçalves e Filipe Caldeira
INTERPRETAÇÃO Catarina Gonçalves e Filipe Moreira
PÚBLICO-ALVO | a partir dos 3 anos
Este espetáculo é um retrato-memória da infância escrito a quatro mãos (duas mãos que não param quietas; outras duas que as acompanham e observam), em que há espaço para o medo, o risco, a rua, um cão que ladra (e talvez morda) e um avô à janela capaz de nos proteger pelo canto do olho. “Caco, porque é que estás a trepar?”, perguntava o meu avô Elísio. “Porque me chamo Caco, Caco, Caco…”, dizia eu a imitar o eco. O meu nome atirado contra uma montanha partir-se-ia em mil bocados. Quero dizer, em cacos. Talvez não seja o nome mais respeitável do mundo. Um nome que é um pedaço de uma coisa partida. Mas é o meu.
16:30 – Filme + Conversas de Porta Aberta
De portas abertas a todos os que queiram juntar-se, assistimos a um filme, escolhido pelo convidado do encontro, e conversamos sobre o que vimos e sobre o que pensamos sobre o tema. As únicas condições de acesso são: o gosto por ver filmes e a vontade de conversar…
21:00 | Espetáculo | SERRENHOS DO CALDEIRÃO, EXERCÍCIOS EM ANTROPOLOGIA FICCIONAL + CONVERSA
CONCEÇÃO E INTERPRETAÇÃO Vera Mantero
Esta é uma peça povoada de vozes que vêm de longe. Tomando como ponto de partida o processo de desertificação/ desumanização da Serra do Caldeirão, no Algarve, as recolhas de vídeo aí feitas por Vera Mantero, e outras realizadas em filme pelo etnomusicólogo Michel Giacometti, esta peça olha para as práticas de vida tradicionais e rurais em geral. Trata-se de um espetáculo sobre o conhecimento transmitido pelas culturas orais existentes de norte a sul do país e de outros continentes, por isso, os índios da América do Sul, trazidos aqui através de citações de Eduardo Viveiros de Castro, se confundem tanto com estes Serrenhos. Este “retrato alargado” procura resgatar uma sabedoria quase perdida, que liga corpo e espírito, quotidiano e arte. Uma sabedoria que podemos (e devemos, para nosso bem) reativar.