Editorial
Para muitos, o ano começa com o início do ano letivo.
Nós por cá estamos também sob influência desse começo, bem como dos Encontros Excêntricos: da arte e da educação.
Conversámos muito mas, desta vez, não gravámos. As nossas conversas aconteceram à maneira de uma deriva. Fomos parar a sítios mais ou menos imprevisíveis, que nos levaram sucessivamente a outros… Uns desconhecidos. Outros, foi tão bom recordá-los.
Recordar: do latim re-cordis, voltar a passar pelo coração
Falámos sobre arte e educação e daqueles, investigadores e artistas, que nos têm ajudado a pensar sobre estas coisas. Discorremos sobre prever a imprevisibilidade. Afinal, a imprevisibilidade é o que temos por garantido. Conversámos sobre arte e vida e caixas de ferramentas, porque situações diferentes exigem ferramentas diversas e, ainda, sobre singularidades da criatividade. Sobre sentir melhor. E tudo isto na relação com a democracia e um mundo mais justo.
Magda Henriques
Arrastar Pelos Cabelos
Aqui partilhamos excertos de livros que, de tanto gostarmos, entramos numa fúria de os querer partilhar, arrastar pelos cabelos os outros para que também gostem…
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O lugar
de onde se vê *
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Excerto do espectáculo Paisagem Com Pessoas
Resposta da espectadora Ester Saleiro à pergunta “O que sentiste ao veres este espectáculo?”
(*Etimologicamente, Teatro significa: O lugar de onde se vê)
Aqui escutamos as vozes dos espectadores.
Partimos da pergunta: O que sentiu? para escutar uma palavra, uma frase, uma conversa. Porque não há sentires certos ou errados, há o sentir de cada um, este é um lugar de liberdade e de afirmação da singularidade, tal como o encontro com a arte.
Agora veja
Revoada
Este documentário resulta da vontade de partilhar e assim facilitar o acesso ao pensamento de Álvaro Laborinho Lúcio. Aqui a forma como se diz, o que se diz, é mobilizadora da alma e potenciadora do agir. Deambulamos pelos caminhos da educação, da arte e da cidadania e percebemos que assistir ao exercício do pensamento, enquanto prática da inteligência e na sua dimensão poética, pode ajudar à transformação. Importa ir. Importa que lutemos por aquilo em que acreditamos e “que não nos apeemos cedo demais”. Importa que façamos os caminhos apesar das pedras e com as pedras. O rigor e o entusiasmo das convicções que aqui se apresentam são proporcionais à disponibilidade para reconhecer que outras podem ser melhores. Esta forma de dizer o mundo, de se referir a ele, de mudar de sítio aquilo que por hábito se instalou e deixou de nos interpelar, dá lugar ao espanto e assim torna visível e cria outras possibilidades, outras paisagens, reacendendo as perguntas, o pensamento e a ação.
*Revoada: refere-se a um voo conjunto e a um retorno à raiz. Em sentido figurado significa também ensejo e oportunidade. Tomamos a revoada, enquanto momento inesperado, desconcertante e belo para aludirmos ao encontro com Álvaro Laborinho Lúcio
Este documentário foi criado no contexto da Associação Circular, de Vila do Conde, e muito gentilmente cedido por esta Associação e pela realizadora Eva Ângelo.
* Notas de Rodapé
Estas são algumas das referências que, na relação com o tema deste mês, foram surgindo e nos levaram, de cá para lá e de lá para cá, em sentidos e relações mais ou menos imprevisíveis
* 1
Do Plano Nacional das Artes:
O que seria a vida sem música e literatura, arquitetura e design, cinema e pintura, dança e teatro?
Compreendemos as artes como parte da vida – e não um mundo paralelo, fora da existência ou num âmbito isolado da «cultura». Como afirmou Sophia de Mello Breyner Andresen, na intervenção que fez na Assembleia Constituinte, em 2 de setembro de 1975: «(…) a cultura não é um luxo de priveligiados, mas uma necessidade fundamental de todos os homens e de todas as comunidades. A cultura não existe para enfeitar a vida, mas sim para a transformar – para que o homem possa construir e construir-se em consciência, em verdade e liberdade e em justiça (…)».
Nesse sentido, a estética não está distante da ética nem da política. Recuperaremos, com esta certeza, o propósito e esforço de muitos artistas desde os anos 60 e 70 do século XX: cruzar a arte e a vida, revelá-las como uma unidade. Assim, não valorizaremos apenas o objecto artístico, mas o processo criativo e a atitude estética.
Do Atlas 2019:
*2
Em relação à música “Pensamento 1”, deste álbum em particular, é uma reflexão sobre o meu pensamento, sobre a forma como os pensamentos ganham vida e a dualidade se eles fazem parte de ti ou não, de como os organizas e qual o poder que deixas que eles exerçam sobre ti. É também sobre os mecanismos de defesa que o nosso cérebro (neste caso, especificamente o meu) arranja quando estamos perante situações emocionais desgastantes e temos as nossas emoções a trabalhar contra nós. No fundo, é um encontro com o nosso eu, com a superação e crescimento emocional.
Samuel Martins Coelho
*3
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EN RACHÂCHANT from Grasshopper Film on Vimeo.
*4
Bibliografia
Entendemos aqui a bibliografia como uma carta de alimentos variados. Entre eles, alguns livros, filmes, documentários e outros que serviram de detonadores à reflexão sobre o tema.
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Ficha Técnica
Concepção | Magda Henriques e André Martins
Design | André Martins
Jingles | Vasco Ferreira
Conteúdos e Edição | André Martins, João Coutinho, Magda Henriques, Vasco Ferreira